01 de fevereiro de 2012
No final de 2011, já havíamos decidido em equipe que, mediante os resultado dos questionários enviados aos pais e as dificuldades vividas pela escola ao longo do ano, o PPP 2012 teria como foco o estudo do passado da escola e da comunidade na qual está inserida para buscarmos sua revalorização.
Em reunião com os professores e agentes auxiliares de creche (AACs) no dia 01 de fevereiro, dia do retorno, ficamos acertados que a primeira grande ação necessária ao desenvolvimento de nosso projeto seria uma visita à comunidade para que pudéssemos ficar mais próximos da realidade de nosso aluno. Foi, então, que marcamos para o dia seguinte a visita que seria guiada pelo Caruru, pai do Richard, aluno de nossa escola.
02 de fevereiro de 2012
Vivendo a grande e inequecível aventura de conhecer a comunidade do "Morro do Engenho"...
O Bairro Educador nos acompanhou na visita, veja o lindo relato deles!
Uma Escola de Coragem
A leitura do mundo precede a leitura da palavra.
Rio de Janeiro. Em um dia típico de verão, quando o calor com facilidade ultrapassa os 35oC um grupo de pessoas trajando bermuda, tênis e bonés iniciam uma percurso em um dos morros cariocas. A cena bem que poderia ser parte de um documentário retratando as alegrias e os desafios na vida das favelas da cidade, ou então, quem sabe, o testemunho de um grupo de turistas que optaram por descobrir o lado não convencional dos encantos do Rio. Na verdade, tratava-se de algo bem mais profundo e significativo.
A cena reproduz a iniciativa de um grupo de mulheres (e de alguns homens) de uma escola e também de uma comunidade, enfim, um grupo que vivenciou a experiência de uma escola aberta e interessada em conhecer de fato a comunidade que a rodeia. Essa foi a atitude da Escola Municipal Hermenegildo de Barros (apelidada carinhosamente pela comunidade de Hermê), no bairro de Engenho da Rainha, zona norte da cidade e integrante da 3a Coordenadoria Regional de Educação.
Tudo começou na primeira reunião de pais, mães e responsáveis dos estudantes. Cerca de 100 pessoas haviam lotado o espaço da Hermê. A Diretora Raquel Holanda fez o que é de praxe nessas reuniões: apresentou a escola para os responsáveis que pela primeira vez matriculavam seus filhos na unidade de ensino, apresentou os novos professores e explicou algumas mudanças para 2012; entretanto, ao apresentar as linhas gerais do Plano Pedagógico da Escola para este ano (que trata do resgate e da valorização da história da comunidade) ela começava a dar uma ideia de que havia algo novo no ar: afinal ela estava propondo que todos ali presentes, ao término do encontro, saíssem da escola para andar e conhecer a comunidade do entorno (e havia muitos da escola que não conheciam). Afinal, o que poderia ser mais adequado a uma proposta de Resgate da História da Comunidade do que conhecer, por experiência própria, essa comunidade?
Parte da História do Brasil como parte da caminhada pela comunidade
Mães e pais, alguns ex-alunos da Hermê, aceitaram com alegria e orgulho a tarefa anunciada pela Diretora: “Tenho muitas fotos antigas da Comunidade que poderão ajudar nesse resgate proposto pela Escola”. Outra mãe comentou: “Tenho muito orgulho daqui”.
Na subida o grupo parou numa área que acolhia uma residência, chamada de casarão pela comunidade. Dizem os mais velhos que esta seria a casa adquirida pela Rainha Carlota Joaquina. De fato existiu a referida residência da Rainha. Mas o casarão, segundo historiadores, é na verdade o vestígio de uma construção feita a mando do Coronel Antônio Joaquim de Souza Pereira Botafogo, último proprietário da região, o mesmo que com o fim do Império loteia a área e um dos novos compradores manda demolir a casa da Rainha com receio de que o Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico viesse a tombar o imóvel (ABREU, Mauricio de Almeida. A Evolução Urbana do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: IPLANRIO, 1997. 147p., citado pela professora Cláudia Maria Calmon Arruda, no projeto “Engenho da Rainha: identidade e memória no olhar de seus moradores” desenvolvido numa das escolas do Bairro: E. M. Marechal Estevão Leitão de Carvalho).
No trajeto de volta o grupo também conheceu um senhor sentado nas escadarias da Igreja São Jorge, no coração da comunidade. Com um olhar tranquilo e um sorriso no rosto, daqueles que veem a vida passar sem pressa, o senhor conta mais um pouco sobre a história do local. De fato, consultando documentos históricos sobre a região descobrimos que o bairro fazia parte da freguesia de Inhaúma, criada em 1743 e ganhou este nome quando esta freguesia foi desmembrada, resultando nos atuais bairros de Engenho da Rainha, Pilares, Tomás Coelho e parte de Inhaúma. A região acolhia uma residência adquirida pela Rainha Carlota Joaquina (esposa de D. João VI) por volta de 1810 com o objetivo de nela descansar. A região próxima à fazenda era habitada pelos índios Tamoios. Como herança, na região há muitas ruas com nomes ligadas a este fato - Rua Bororó, Xerente, Canitar, Flexal, dentre outras. A Fazenda da Rainha Carlota Joaquina, além do engenho de cana-de-açúcar, tinha também plantação de café e a mão-de-obra escrava e era a responsável pela economia rural. O atual bairro do Engenho da Rainha era cortado por duas importantes estradas que se interligavam na altura de Thomás Coelho. Esse caminho fazia a ligação com as Minas Gerais. Hoje são a Avenida Pastor Martin Luther King (antiga Automóvel Clube) e a Avenida Ademar Bebiano (antiga Estrada Velha da Pavuna). O bairro foi cortado pela Estrada de Ferro Rio D'ouro e possuía uma estação de trem, onde hoje é a estação do Metrô do Engenho da Rainha. A Equipe do Bairro Educador quer parabenizar essa bela e corajosa iniciativa da unidade de ensino e de seus profissionais; vocês ousaram ir além dos muros da escola e perceberam que a vida lá fora também tem muito a ensinar e todos nós temos muito que aprender.
Autoria: Marcia Fernandes e Adriano de Araujo.
(Gestora de Projeto e Gestor de Núcleo do Bairro Educador de Engenho da Rainha).
03 de fevereiro de 2012
Feita a visita tão especial, partimos para as discussões... Hora de fecharmos (ou será abrirmos ?) o nosso PPP 2012 ! Marcamos uma reunião com todos os segmentos da escola para este dia. Infelizmente os pais e alunos não compareceram, eis aí nossa primeira meta de 2012: aumentar a participação destes dois segmentos nas decisões da escola !
Neste dia traçamos o esboço inicial de nosso PPP. Pensamos juntos: nossa missão, clientela, parceria com as famílias, parcerias externas, recursos, diretrizes pedagógicas, metas e plano de ação.
06 de fevereiro de 2012
Não podíamos abrir mão da participação dos pais e dos alunos na elaboração do PPP, então, fizemos uma nova tentativa de convidá-los para uma reunião neste dia. Vitória! Seis pais e três alunos vieram !!! Nova reunião com professores, AAC e funcionários também presentes. Passamos para os pais e alunos o que já havia sido elaborado e eles puderam dar ricas contribuções. Juntos escolheram um nome e fizeram o logotipo de nosso PPP 2012.
Não poderíamos deixar de dizer que a caricatura da escola (no centro do logo) foi retirada do PPP 2008 que encontramos nos arquivos da escola, o qual estava sem autoria. Oferecemos a imagem aos pais para a utilizarem no logo e eles adoraram a ideia. Um deles até pontuou a importância de usá-lo fazendo relação com o passado da escola que é o tema central do projeto.
Ficou M-A-R-A-V-L-H-O-S-O !!! Vejam !!!
Agora, equipe Hermê, mãos à obra !!!